sexta-feira, 27 de maio de 2011

'Piratas do Caribe 3'

Confuso, arrastado e bobo. Todos os defeitos que "Piratas do Caribe" conseguiu evitar nos dois bons primeiros filmes da trilogia vieram à tona em “Piratas do Caribe – no fim do mundo”, que estréia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (25).

Primeiros espectadores elogiam efeitos especiais


Talvez no afã de resolver todas as pontas soltas em "Piratas do Caribe – o baú da morte", o segundo da série, e dar espaço para todos os personagens que povoam o filme, o diretor Gore Verbinski precisou de quase três horas para pôr fim à trilogia. Graças ao exagero do cineasta, que provavelmente se sentiu à vontade para fazer o que bem quisesse depois do estrondoso sucesso dos dois primeiros filmes (que arrecadaram juntos quase US$ 2 bilhões), "No fim do mundo" é longo demais."Piratas do Caribe 3" começa com o ressurrecto capitão Barbossa (Geoffrey Rush), morto no primeiro filme, Elizabeth Swann (Keira Knightley) e Will Turner (Orlando Bloom) indo atrás de Jack Sparrow (Johnny Depp), para depois tentar derrotar Davy Jones (Bill Nighy), o pirata com cara de tentáculos de "Baú da morte".

A Companhia das Índias, representada por Cutler Beckett (Tom Hollander), conseguiu o coração de Jones (literalmente) e agora controla a tripulação do navio "Holandês voador", onde o pai de Will Tuner serve como marinheiro pela eternidade. E todos os piratas, sentindo que podem ser extintos pela ambiciosa Companhia, resolvem se unir para retomar o controle dos mares.

O problema é que, com exceção de Chow Yun-Fat e de uma breve aparição de Keith Richards como pai de Jack Sparrow (Johhny Depp confessou ter se inspirado no roqueiro para compor seu personagem), o que Verbinski oferece ao público é mais do mesmo que se viu na segunda parte da trilogia, com um pouco menos de originalidade. As mesmas cenas grandiosas de batalhas, canhões destroçando a madeira dos navios, cenas de luta de espadas com cortes rápidos e edição ao estilo videoclipe e os mesmos personagens em cena.

O humor também se perdeu em algum ponto. A tentativa de representar a consciência de Jack Sparrow com versões menores de si mesmo é constrangedora. Johnny Depp, que fez um trabalho digno de Oscar nos dois primeiros filmes, simplesmente perdeu a mão no terceiro, prejudicado em muito pela falta de ritmo imposta pelo diretor. E Keith Richards, a grande novidade em potencial do filme, aparece apenas na metade final do filme. No papel do Capitão Teague, pai de Jack e guardião das regras piratas, não fica em cena o tempo suficiente para mostrar sua excentricidade. Quer maior pecado que dar pouco tempo na tela para o cara que disse ter cheirado as cinzas do próprio pai?

Em um filme de US$ 200 milhões (quase R$ 400 milhões), produzido pelo “rei dos blockbusters” Jerry Bruckheimer, Verbinski conseguiu ignorar quase todas as regras do gênero. Fez um filme longo demais, que confunde a platéia com o excesso de personagens e histórias e, pior, não deu espaço suficiente para o melhor ator do elenco, Depp, em detrimento de Orlando Bloom e Keira Knightley, anos-luz do nível de interpretação do ator de 43 anos. Desde “Matrix revolutions” Hollywood não cometia uma seqüência tão ruim.

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