segunda-feira, 30 de maio de 2011

MINAS GERAIS | ESTRADA REAL | cidades

                                                   



   A ESTRADA REAL é hoje um pólo turístico que reúne os vários caminhos construídos no BRASIL-CÔLONIA principalmente no século XVII, para o transporte das riquezas do interior do BRASIL para o litoral do RIO de JANEIRO, transportado para a metrópole portuguesa.
  
ESSE CAMINHO VALE OURO!

A Estrada Real foi criada pela Coroa portuguesa no século XVII com a intenção de fiscalizar a circulação das riquezas e mercadorias que transitavam entre Minas Gerais - ouro e diamante - e o litoral do Rio de Janeiro - capital da colônia por onde saíam os navios para Portugal. Como era proibido se fazer o trajeto por outra via, o caminho foi usado por imperadores, soldados, mercadores, músicos, aventureiros e intelectuais, que além de produtos, carregavam ideais, como o de se transformar o Brasil em uma república independente. Foi por esse motivo, e para servir de exemplo para a o resto da população que partes do corpo de Tiradentes foram expostas em pontos estratégicos da Estrada após seu esquartejamento. É, naquele tempo a liberdade de idéias não existia...


De qualquer forma, a grande movimentação e importância da Estrada Real fizeram nascer ao longo dos seus 1.200 km, inúmeras vilas, povoados e cidades. Mas é claro que com o fim desse ciclo econômico e com a industrialização, o caminho ficou por muito tempo adormecido, o que cá entre nós, ajudou na sua conservação e possibilitou hoje o surgimento de vários projetos de recuperação para explorar seu potencial turístico.


Atualmente a Estrada Real é formada por 177 municípios, sendo 162 em Minas Gerais, oito no Rio de Janeiro e sete em São Paulo. A união desses destinos reuniu atrativos de sobra para uma longa viagem, são construções coloniais, igrejas, museus, reservas ecológicas, esportes de aventura, estações de águas minerais, culinária mineira e, principalmente, nossa história.


Não pense que a Estrada já nasceu com toda essa extensão, foi a união de três caminhos surgidos em momentos diferentes que deram origem ao que ela é hoje: o Caminho Velho, o Caminho Novo e a Rota dos Diamantes. Como só os aventureiros de plantão se arriscariam em fazer todo o trajeto de uma só vez, é melhor conhecermos uma a uma.


CAMINHO VELHO.

Como seu próprio nome indica, o Caminho Velho é o trecho mais antigo de todo o trajeto. Ligando Paraty a Ouro Preto, nasceu por volta do século XVII, fruto das andanças bandeirantes que em busca de riquezas em Minas Gerais, partiam de São Paulo até atingir a Serra da Mantiqueira.


Esse trecho da Estrada Real se inicia no porto da cidade de Paraty no Rio de Janeiro e segue em direção ao norte de São Paulo passando por cidades como Cunha, Guaratinguetá e Cruzeiro. Já em Minas Gerais, vai por Passa Quatro, Itamonte e Baependi, em seguida você já estará visitando as famosas estâncias hidrominerais de Caxambu, São Lourenço e Cambuquira, de onde é fácil alcançar a mística São Tomé das Letras ou a cidade do rei do futebol, Três Corações.


Visitadas as charmosas cidades do circuito das águas, é hora de fazer um mergulho no passado e chegar até as cidades históricas de São João Del Rei, Congonhas e Tiradentes, para depois completar o Caminho Velho indo até Ouro Branco e Ouro Preto.


É cidade que não acaba mais! Como você pode ver, são inúmeras as opções para quem procura história, arte e natureza - essência da Estrada Real. Assim, vamos ver apenas algumas cidades desse imenso trajeto e fica a promessa de, em outros roteiros, conhecermos mais a fundo cada pedacinho destes destinos que carregam marcas do nosso passado colonial há mais de três séculos.


São João Del Rei

Chegar em São João Del Rei através da Estrada Real é fazer uma viagem no tempo. Não tem visual mais interessante do que o encontro de ruas asfaltadas com outras ainda em terra batida, é o moderno e o passado lado a lado. São igrejas, imagens sacras, museus, casarões com móveis seculares, sem contar as serras, cachoeiras naturais e grutas.


Uma atração imperdível em São João Del Rei é fazer o passeio no trem a vapor Maria Fumaça, que sai da Estação Ferroviária para percorrer 13 km até Tiradentes todos os finais de semana e feriados. Não é um passeio qualquer, você estará dentro da única locomotiva em bitola estreita do mundo ainda em funcionamento. O trajeto é super bacana, principalmente pela paisagem bucólica que faz companhia durante os 35 minutos do passeio.


Antes de partir, ainda na Estação da Maria Fumaça, não deixe de conhecer o Museu Ferroviário que fica no mesmo local. Lá estão em exposição equipamentos antigos, peças, fotografias, carros e vagões de cargas, além da locomotiva "Baldwin nº 1", fabricada nos EUA que transportou a comitiva de D. Pedro II na inauguração da Estação.


Conheça também a igreja de São Francisco de Assis, construída no século XVII que fica localizada na praça central da cidade e por trás dela, é possível visitar o cemitério onde está o túmulo do ex-presidente Tancredo Neves. E se você estiver de carro, não deixe de fazer um passeio até a gruta Casa de Pedra, ela fica na estrada asfaltada que interliga São João Del Rei a Tiradentes.


Já que você estará tão perto, porque não ir até Tiradentes e Congonhas? Essas cidades são verdadeiros museus ao ar livre. Em Tiradentes visite o Chafariz de São José, feito no século XVIII, veja também a Antiga Cadeia que foi reconstruída em 1835 e o Sobrado Ramalho, o mais antigo da cidade. Em Congonhas conheça a Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinho onde estão expostos os profetas e muitos outros trabalhos de Aleijadinho.


CAMINHO NOVO

O Caminho Novo parte do Rio de Janeiro e vai até Ouro Preto. O trecho foi construído a pedido da Coroa por volta de 1700, não só para encurtar a distância entre Minas e o litoral do Rio, mas principalmente aumentar a fiscalização do trânsito de riquezas. O trajeto tem saída no porto carioca e segue por Petrópolis margeando o rio Paraíba do Sul até alcançar cidades como Juiz de Fora - a mais populosa da Estrada Real, Barbacena e Santos Dummont, depois avança por Carandaí, Conselheiro Lafaiete até chegar em Ouro Branco e Ouro Preto.


Muitas dessas cidades, na época, não passavam de fazendas ou povoados que com o Caminho Novo se transformaram. Foi percorrendo esse caminho, pouco antes de proclamar a independência, que D. Pedro I se encantou com o lugar e decidiu comprar a então fazenda do Córrego Seco, dando origem à cidade imperial de Petrópolis.


Quem chega até a região de Ouro Branco com destino a Ouro Preto, encontra um dos trechos que mais guardam marcas daquela época. Esse trajeto era inevitável, partindo do Caminho Novo ou usando o Caminho Velho, todos passavam por lá. Como recompensa para quem visita este trecho a natureza separou um visual caprichado, você vai estar na companhia de um imenso abrigo de cachoeiras e pontes e deve aproveitar para visitar a Serra do Ouro Branco, uma reserva ecológica e tanto que fica há 2 km de Ouro Branco, nessa mesma rodovia, depois é hora de conhecer Ouro Preto.


Ouro Preto

Todos os caminhos da Estrada Real levavam a Ouro Preto, antiga Vila Rica, também mais próspera e brilhante das localidades do interior do Brasil no século XVIII. O ouro fez de Ouro Preto uma cidade diferente, repleta de arte e cultura trazidas por quem vinha da Europa. Ladeiras, casarões coloniais e as igrejas da cidade parecem não ter passado pelos dois últimos séculos, está quase tudo lá como era originalmente.


Se você quiser conhecer bem o barroco mineiro, visite a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, além de muitos trabalhos de Aleijadinho, tem a arte de Manoel da Costa Ataíde, pintada no teto desse templo. Não deixe de ir também até a Casa da Ópera, o mais antigo teatro em funcionamento do Brasil e aproveite para ir ao Museu Guignard, que guarda toda a obra do pintor modernista. Como museu é o forte da cidade, dê um pulo no Museu do Oratório que carrega todos os aparatos da fé que o povo da época utilizava. Não pense que acabou, a antiga Vila Rica tem museu que não acaba mais.


Bem perto de Ouro Preto está a primeira capital de Minas Gerais. Seguindo o caminho que se incorporou à Estrada Real você chega até Mariana, a primeira vila a ganhar a condição de cidade de Minas. Estando lá, visite a Catedral Basílica da Sé e conheça o órgão mais antigo do Brasil e não deixe de ver a Mina de ouro da Passagem que começou a ser explorada no século XVIII e teve atividades comerciais ate os anos 70.


ROTA DOS DIAMANTES

Essa última parte da Estrada Real vai de Ouro Preto até Diamantina. Foi construída no século XVIII, época em que os diamantes da antiga região do Tejuco, hoje Diamantina, brilharam com mais intensidade. Essa rota foi construída para atender às necessidades da Coroa de se ter um caminho que possibilitasse um rápido escoamento de ouro e diamantes até a metrópole.


A Rota dos Diamantes é o trecho que mais conserva o aspecto, o sabor e as tradições do interior de Minas, já que o progresso pouco andou por lá nas últimas décadas. Nesse caminho o que mais se encontram são cidades com casario antigo distribuídos por montanhas, é o verdadeiro retrato do interior mineiro. Catas Altas na Serra da Caraça, Santa Bárbara, Conceição do Mato Dentro e Serro são os principais destinos dessa rota e se você for faze-lo, não deixe de visitar o Parque Nacional da Serra do Cipó, onde são encontradas algumas das mais belas paisagens naturais do percurso.



Diamantina

Diamantina é a mais atraente cidade da Roda dos Diamantes, principalmente depois de receber o título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1999. A cidade é emoldurada pela Serra dos Cristais e cercada de uma natureza rica, cheia de cachoeiras e grutas deslumbrantes, desse jeito fica fácil se destacar. Mas o mais interessante é poder encontrar ainda trechos da Estrada Real feitos de pedra que eram colocadas uma a uma pelos escravos da época.


Você vai se surpreender com a quantidade de grupos musicais encontrados na cidade, são mais de 90, o que agrada a todos os gostos, do sagrado ao profano e torna a cidade um centro musical.


Ao visitar a cidade, faça uma visita até a igreja de Santo Antônio, foi lá que os bandeirantes construíram uma capela em honra ao santo que era muito querido pelos portugueses. Quer conhecer a igreja mais rica da cidade? Então procure a igreja Nossa Senhora do Carmo, até seu órgão é folheado a ouro, um luxo. E para finalizar, visite a Igreja do Rosário, antiga capela dos pretos e a mais antiga da cidade, construída em 1728.


Procure também saber onde fica a rua da Glória, ela guarda um passadiço entre dois sobrados que atravessa a rua fazendo a ligação, é uma construção impressionante e bem diferente do que costumamos ver na arquitetura colonial. Aproveite e vá até a Casa de Chica da Silva, no passado, pouco acima dessa casa, existia uma capela para a ex-escrava freqüentar, já que era proibida de entrar em igrejas e assistir a missas.


Quem vai a Diamantina deve conhecer a Casa de Juscelino Kubitschek, na rua São Francisco, foi da família Kubitschek por um bom tempo e hoje faz parte do patrimônio do estado.


Ao conhecer Diamantina você vai ver que além das igrejas e do casario setecentista, a cidade possui imponentes prédios da administração colonial, solares e sobrados das famílias mais ricas da região.


Programe um passeio com a família pela Estrada Real e conheça um pouco do que repousa já há mais de 250 anos, modestamente, testemunhando o tempo que parece passar bem devagar por aqueles lados...

O Caminho do Sabarabuçu foi integrado ao traçado da Estrada Real como uma extensão do Caminho Velho que abrange, em cerca de 150 quilômetros, as cidades de Cocais (distrito de Barão de Cocais), Caeté, Morro Vermelho (distrito de Caeté), Sabará, Raposos, Honório Bicalho (distrito de Nova Lima), Rio Acima, Acuruí (distrito de Itabirito) e Glaura (distrito de Ouro Preto).


CAMINHO DO SABARABUÇU.

O Caminho do Sabarabuçu é uma extensão do Caminho Velho que abrange as cidades de Cocais, Caeté, Morro Vermelho, Sabará, Raposos, Honório Bicalho, Rio Acima, Acuruí e Glaura, cerca de 150 quilômetros
MAPA DA ESTRADA REAL

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